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Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso

Lançamento da 25ª edição da Campanha Primavera para Vida ressalta protagonismo das mulheres na defesa da Casa Comum

26 de setembro de 2025

A primavera chegou desabrochando girassóis de esperança e transformação neste novo ciclo do ano. Inspirada pela nova estação, a CESE realizou nessa quinta-feira (25) o lançamento da 25ª edição da Campanha Primavera para a Vida (PPV), que traz como tema: “Mulheres de Fé: Guardiãs da Casa Comum”. Com música e alegria, a atividade reuniu representantes de igrejas, organismos ecumênicos, movimentos sociais e organizações populares numa noite de partilha de reflexões para nos impulsionar a seguir em luta por um mundo mais justo.

Nesta edição, as questões socioambientais são mais uma vez o foco da campanha, sobretudo diante do agravamento da crise climática e seus impactos nas comunidades mais vulnerabilizadas. Nesse cenário de profunda injustiça, as mulheres emergem como protagonistas na resistência dos seus territórios e na defesa do meio ambiente. Na ocasião, também foi lançada a publicação da campanha, que reúne histórias da Bíblia e da vida, reflexões bíblicas e experiências de mulheres e organizações em defesa da Casa Comum

A despeito de um sistema capitalista, racista e patriarcal que oprime as pessoas mais empobrecidas, as mulheres são as primeiras a hastear a bandeira de um novo mundo possível. É o que explica Sônia Mota, diretora executiva da CESE: São as mulheres as principais impactadas quando as questões climáticas atingem as suas famílias, atingem os seus territórios e atingem os seus povos. E a gente tem percebido que são elas também as guardiãs da Casa Comum, através da preservação das nascentes, através das sementes, carregando água na cabeça… É assim que a gente tem visto a resistência.”.

Inspirada pelo versículo que orienta a campanha em 2025 — “O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha até que tudo ficasse fermentado (Mt 13.33) —  a teóloga feminista Odja Barros, pastora da Aliança de Batistas do Brasil (ABB), também destaca a comunhão das mulheres com a natureza.

“Muito antes de nós, essas mulheres entenderam que a Terra é nossa grande aliada, a Terra é a nossa grande guardiã ancestral”.

Nenhum passo atrás

Para compartilhar experiências e reflexões de quem está diretamente na luta em seus territórios, o evento também contou com a participação de duas valorosas companheiras:  Bárbara Ramos,  quilombola, escritora, pedagoga e integrante da coordenação da Articulação Nacional das Pescadoras (ANP); e Mira Alves, mulher preta periférica, mãe, avó, educadora popular e militante do Movimento Sem Teto da Bahia (MSTB). 

Moradora de Graciosa, no município de Taperoá (BA), Bárbara explica que é a conexão das mulheres com a  natureza que as ensina a defender os seus direitos.

“Nossa experiência enquanto Articulação Nacional das Pescadoras, enquanto território pesqueiro, quilombola, é que estamos sim, estamos de frente, somos guardiãs do nosso território. Acho que isso está na nossa essência mesmo, a gente já aprende com a própria Mãe Terra a defender os nossos”, salienta.

Liderança na luta urbana, Mira Alves compartilhou algumas das experiências junto ao MSTB em Salvador (BA), onde vive e atua, na defesa do direito à moradia. Apesar da violência do poder público e dos seus aparatos, como a Polícia Militar, a educadora é firme quando se trata de não baixar a cabeça: “Apesar do medo, a gente não recua. Nenhum passo atrás. Nenhum direito a menos”, salienta.

Mulheres negras anunciam o futuro

Na atividade, também estiveram presentes representantes de organizações que compõem a comunidade de prática do programa Doar para Transformar, iniciativa desenvolvida no Brasil pela CESE com apoio da cooperação Wilde Ganzen. Uma delas é Patrícia Rosa, da Revista Afirmativa. A jornalista destaca a necessidade de se fazer um recorte racial ao se analisar os principais sujeitos impactados pelas mudanças climáticas e também quem está assumindo a liderança dessa resistência.

“Nós da Revista Afirmativa entendemos a importância do protagonismo das mulheres negras, que são as verdadeiras protagonistas da nossa sociedade, é quem carrega esse país nas costas, que está na frente na luta pelos direitos”, salienta.

Já Rita Santa Rita, integrante do Grupo de Mulheres do Alto das Pombas (GRUMAP), aponta a necessidade de se pensar uma nova sociedade, um novo mundo em que as mulheres, o meio ambiente e os saberes tradicionais sejam valorizados.

“A Casa Comum é a compreensão de que o velho – o capitalismo, racismo, sexismo – tem que morrer pra surgir o novo. E o novo é uma nova ordem social, onde mulheres negras, mulheres indígenas, todas as mulheres sejam respeitadas. E, acima de tudo, o respeito às culturas tradicionais, à vida a partir de uma relação profunda com a natureza.”

Rita também aponta a Marcha das Mulheres Negras, mobilização que pretende levar um milhão de mulheres às ruas de Brasília (DF) em novembro, como uma das iniciativas centrais para expressar a construção dessa nova sociedade. “O mundo, o Brasil, será diferente depois da marcha de um milhão de mulheres negras. Eu não tenho dúvida, porque quem está anunciando o futuro somos nós”, aponta.

publicação

Para ecoar as discussões trazidas no encontro e fortalecer uma consciência crítica, também foi lançada a publicação desta edição da Campanha Primavera Para a Vida. Com reflexões bíblicas, experiências comunitárias e depoimentos de mulheres e organizações que enfrentam os impactos da crise climática, a obra foi pensada para ser usada em reuniões, encontros, estudos e catequese.

Além desse material, também foi produzido um subsídio litúrgico para que igrejas, organizações ecumênicas e baseadas na fé possam usar nas suas celebrações. “Que este subsídio seja como o fermento escondido na massa — pequeno, mas cheio de potência para transformar a vida em abundância”, aponta o documento.

Em 2025, a publicação conta com o apoio do Projeto Doar para Transformar (Giving for Change). Os dois materiais estão disponíveis de forma gratuita no site da CESE.

Clique aqui para acessar a publicação “25ª Campanha Primavera para a Vida (PPV), que traz como tema: “Mulheres de Fé: Guardiãs da Casa Comum”

Clique aqui para acessar o Subsídio Litúrgico

Clique aqui para acessar as fotos do lançamento da campanha

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