

Às margens do Ribeirão Taquaruçu Grande, cercada por serras e cachoeiras que desaguam na microbacia responsável por 70% do abastecimento de água de Palmas (TO), uma comunidade rural trava, há anos, a luta pela preservação do Cerrado. Localizada a apenas 10 km do centro da capital, a região abriga aproximadamente 1,7 mil famílias — cerca de 7 mil pessoas — que dependem diretamente das águas, das áreas verdes e da produção de subsistência que o território oferece.
O cenário é marcado por duas Unidades de Conservação: o Parque Estadual do Lajeado (PEL), de proteção integral, e a Área de Proteção Ambiental (APA), de uso sustentável. Ainda assim, a pressão do desmatamento e os incêndios recorrentes no período seco, entre junho e outubro, ameaçam a sobrevivência das árvores que garantem água para os moradores locais e para a capital.
“O Cerrado tem, pela peculiaridade das suas árvores de raízes profundas, a capacidade de ser a caixa d’água do Brasil. A gente sempre divulgou que somente de pé as árvores produzem água. Mas nós percebemos que todo ano as queimadas contribuíam para a derrubada das árvores. Quando elas tentavam se reerguer, já vinha o próximo fogo”, explica Noeli Maria Stürmer, integrante da Associação Água Doce – Movimento de Proteção ao Taquaruçu Grande.
A organização foi criada em 2013, para combater justamente essa realidade. Em 10 anos de atuação, o grupo tem realizado ações de conscientização, reflorestamento de áreas degradadas, recuperação de matas ciliares e implantação de quintais agroecológicos. Durante o período chuvoso, de novembro a março, as atividades se concentram na recuperação da vegetação. Já a partir de abril, os esforços se voltam à prevenção de queimadas e à mobilização comunitária.
Diante do tamanho do desafio, a Associação precisou buscar recursos. “Uma das instituições que acolheu nosso grito de socorro foi a CESE. É incrível como um projeto que não é de grande volume de recursos, quando devidamente planejado, é capaz de apoiar uma ação de prevenção e combate às queimadas”, relata.
A apoio, que chegou em 2023, possibilitou a aquisição de sopradores, bombas costais e a distribuição de cestas básicas para brigadistas voluntários, além de estruturar campanhas educativas, mudando o cenário local.
A descentralização dos equipamentos, mantidos em pontos estratégicos nas casas dos moradores, garantiu agilidade no combate às chamas. Com a mobilização, a comunidade conseguiu realizar queimas controladas entre maio e julho e reduziu significativamente os incêndios incontroláveis provocados pelos ventos de agosto e setembro.
“Mudou todo o cenário aqui com o apoio da CESE. Foi um antes e um depois desses recursos, desses equipamentos, inclusive do apoio aos brigadistas, que são verdadeiros heróis nessa missão”, reconhece Noeli. “Não sei a quem recorreríamos se não fosse essa instituição, que entendeu e acreditou no nosso trabalho. Somos muito gratos.”
Programa de pequenos projetos
Desde a sua fundação, a CESE definiu o apoio a pequenos projetos como a sua principal estratégia de ação para fortalecer a luta dos movimentos populares por direitos no Brasil.
Quer enviar um projeto para a CESE? Aqui uma lista com 10 exemplos de iniciativas que podem ser apoiadas:
1. Oficinas ou cursos de formação
2. Encontros e seminários
3. Campanhas
4. Atividades de produção, geração de renda, extrativismo
5. Manejo e defesa de águas, florestas, biomas
6. Mobilizações e atos públicos
7. Intercâmbios – troca de experiências
8. Produção e veiculação de materiais pedagógicos e informativos como cartilhas, cartazes, livros, vídeos, materiais impressos e/ou em formato digital
9. Ações de comunicação em geral
10. Atividades de planejamento e outras ações de fortalecimento da organização
Clique aqui para enviar seu projeto! Mas se você ainda tiver alguma dúvida, clica aqui.